Hoje, 20/10 meu aniversário de 66 anos.
Recebo flores de minha filha Fabíola o que me dá certo prazer.
Esse gesto, me faz voltar aos anos de 1982 quando fui morar em Ouro Preto, acompanhando marido militar, que foi comandar a CIA da PMMG.
Eu tinha 3 filhos: César Augusto 4 anos, Cícero 2 anos e Lívia recém nascida.
Minha vizinha, professora, mãe de 8 filhos e na última gestação teve gêmeas. A vida dela era muito difícil, ela vivia correndo. Moravam em uma casa apertada. O marido, caminhoneiro, na época, havia já iniciado alicerce para ampliar a casa e esta ampliação ficava bem alta já que o terreno era um morro.
Na parte baixa, ficava o primeiro piso de uma grande casa, intermináaaavel.
E era nessa laje, a 5 metros de altura, sem nenhuma proteção nas beiradas que brincavam meus 2 filhos e as dela que eram várias meninas, inclusive as gêmeas.
Minha vida também, era difícil pois além de eu lecionar, longe de parentes, tinha que cuidar dos 3 e de todo o serviço da casa, já que meu marido, como sempre, doava tempo integral à PMMG.
Numa fatídica manhã, ouvi fracos gritos de socorro e corri para a varanda, procurando de onde vinham os gritos mas nada via. Então chamei meu marido, que preparava-se para ir trabalhar, ele foi ver: muito triste, minha vizinha, sempre afobada, imaginando ouvir grito de uma criança, foi correndo ver e na afobação caiu de cima da lage e gemia de dor!!!
Meu marido, fez os primeiros socorros, impedindo que curiosos a removessem, o que poderia lesionar a coluna. A ambulância a levou, posteriormente para BH onde lá passou meses. O médico disse que não fosse o cuidado de não mexer nela ela, irreversivelmente teria ficado paraplégica.
Reflexão geral: ela caiu no lugar de uma das crianças o que poderia ser fatal, só aí percebi o perigo que as crianças corriam, a todo instante.
O marido dela, nesse tempo, vereador, tratou de terminar a casa de baixo, preparando-a para receber a esposa com melhores condições que antes nunca tivera e a de seus 10 filhos.
Quando ela retornou de longo tempo no hospital, fui visitá-la e levei as mais lindas flores e frutas para aquela que quase morreu por preocupar com nossos filhos.
Aí, diante de todos os filhos, ela disse:
- Se querem me agradar, façam como a Graça, me dêem flores enquanto estou viva!!!
Hoje, ao receber flores, de minha filha, me lembrei de mais esse drama, que vivi em Ouro Preto, onde paguei 90% de todos os meus pecados.
1985-Se quiserem saber de outro grande drama é so ler: Milagre em Ouro Preto, vivido e escrito pelo autor Orígenes Lessa, no qual fiz parte, na SEcretaria de Cultura, que desabou e eu lá estava, com meus alunos, de resguardo de minha quarta filha Fabíola, e quase morro por honra e glória da PMMG e dos coronéis que fizeram seus nomes e carreira às custas dos sacrifícios de outrem.
Breve, postarei, também, sobre os escorpiões, que infestavam nossa casa e locais onde nossos filhos brincavam.
"Quem me vê assim cantando/não sabe nada de mim/
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