terça-feira, 22 de março de 2016

PRESENTEIEM-ME COM FLORES, ENQUANTO VIVA.




Hoje, 20/10 meu aniversário de 66 anos.

Recebo flores de minha filha Fabíola o que me dá  certo prazer.

Esse gesto, me faz voltar aos anos de 1982 quando fui morar em Ouro Preto, acompanhando marido militar, que foi comandar a CIA da PMMG.

Eu tinha 3 filhos: César Augusto 4 anos, Cícero 2 anos e  Lívia recém nascida.

Minha vizinha, professora, mãe de 8 filhos e na última gestação teve gêmeas. A vida dela era muito difícil, ela vivia correndo. Moravam em uma casa apertada. O marido, caminhoneiro, na época, havia já iniciado alicerce para ampliar a casa e esta ampliação ficava bem alta já que o terreno era um morro.
Na parte baixa, ficava o primeiro piso de uma grande casa, intermináaaavel.

E era nessa laje, a 5 metros de altura, sem nenhuma proteção nas beiradas que brincavam meus 2 filhos e as dela que eram várias meninas, inclusive as gêmeas.

Minha vida também, era difícil pois além de eu lecionar, longe de parentes, tinha que cuidar dos 3 e  de todo o serviço da casa, já que meu marido, como sempre, doava tempo integral à PMMG.

Numa fatídica manhã, ouvi fracos gritos de socorro e corri para a varanda, procurando de onde vinham os gritos mas nada via. Então chamei meu marido, que preparava-se para ir trabalhar, ele foi ver: muito triste, minha vizinha, sempre afobada, imaginando ouvir grito de uma criança, foi correndo ver e na afobação caiu de cima da lage e gemia de dor!!! 

Meu marido, fez os primeiros socorros, impedindo que curiosos a removessem, o que poderia lesionar a coluna. A ambulância a levou, posteriormente para BH onde lá passou meses. O médico disse que não fosse o cuidado de não mexer nela ela, irreversivelmente teria ficado paraplégica.

Reflexão geral: ela caiu no lugar de uma das crianças o que poderia ser fatal, só aí percebi  o perigo que as crianças corriam, a todo instante.

O marido dela, nesse tempo, vereador, tratou de terminar a casa de baixo, preparando-a para receber a esposa com melhores condições que antes nunca tivera e a de seus 10 filhos.

Quando ela retornou de longo tempo no hospital,  fui visitá-la e levei as mais lindas flores e frutas para aquela que quase morreu por preocupar com nossos filhos.

Aí, diante de todos os filhos, ela disse:

- Se querem me agradar, façam como a Graça, me dêem flores enquanto estou viva!!!

Hoje, ao receber flores, de minha filha, me lembrei de mais esse drama, que vivi em Ouro Preto, onde paguei 90% de todos os meus pecados.

1985-Se quiserem saber de outro grande drama é so ler: Milagre em Ouro Preto, vivido e escrito pelo autor Orígenes Lessa, no qual fiz parte, na SEcretaria de Cultura, que desabou e eu lá estava, com meus alunos, de resguardo de minha quarta filha Fabíola, e quase morro por honra e glória da PMMG e dos coronéis que fizeram seus nomes e carreira às custas dos sacrifícios de outrem.

Breve, postarei, também, sobre os escorpiões, que infestavam nossa casa  e locais onde nossos filhos brincavam.

"Quem me vê assim cantando/não sabe nada de mim/


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